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3.10.09

(Re)viver


"Morrendo o homem, porventura tornará a viver?" (Jó 14:14)



Existe uma empresa nos E.U.A ( onde mais podia ser? ) que se dedica à preservação de corpos de pessoas mortas na esperança que um dia seja descoberta a cura para a doença que vitimou a pessoa. Na prática é como congelar um frango para que um dia que saibamos fazer o frango à fricassé é só descongelar e tá feito...
Mediante o pagamento de uma verba avultada as pessoas que compram este serviço têm a presunção de achar que podem ir contra as leis da natureza e comprar uma extensão para a sua vida...
É certo que o dinheiro hoje em dia permite quase tudo mas não me parece ético deixar estes " fardos congelados" para as gerações vindouras. Voltando ao exemplo do frango, se eu vendesse a minha casa e deixasse o frango no frigorifico não sei se os novos inquilinos iam gostar do presente, alêm de que não sei se tambem eles saberiam fazer o frango à fricassé...
Tecnicamente o que esta empresa faz é assim que o seu cliente morre o corpo é congelado em grandes recipientes de nitrogénio a mais de 190 graus negativos. A empresa não garante que aqueles corpos voltem a ter vida, apenas se compromete a preservá-los em condições de anos mais tarde poderem ser "descongelados". Ou seja, a promessa é pouco mais que uma ilusão mas a morte continua a ser o maior medo dos Homens pelo que não faltam clientes à Alcor.
Mesmo supondo que um dia mais tarde alguem consiga "descongelar" com sucesso um destes corpos que consequências isso terá ? Que papel desempenharia um desses "congelados" na sociedade em que despertou? O que pensaria ao saber que todas as pessoas que conhecia já desapareceram? Que implicações demográficas e sociais poderia ter uma massificação desta prática?
Pessoalmente não acredito na viabilidade desta prática, quanto muito estamos a garantir o trabalho dos arqueólogos do futuro que terão vários objectos de estudo.
Contudo ,não condeno a ambição dos clientes da Alcor, afinal desde o Egipto Antigo que o Homem anseia a imortalidade

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